O peito largado,
perdido,
solto no tempo,
no mundo.
A alma que pede socorro
Eu morro de medo.
Eu morro de medo do tempo.
Queria ser como antes,
que sem medo
me jogava ao vento.
Hoje,
tenho até medo das palavras,
medo das vontades
e do que elas podem me causar.
Sinto-me muitas vezes Raquel.
Minha bolsa amarela,
por um bom tempo vazia,
se enche de novo
de vontades gordas e sombrias...
Não há muito o que fazer.
Talvez eu tenha escolhido ser assim.
Antes borboleta,
Antes canarinho.
Hoje,
sou mais uma palavra
que se perdeu
por esse caminho.
Inversos
quinta-feira, 1 de agosto de 2019
segunda-feira, 29 de julho de 2019
aquilo que não vem...
As palavras eram mais fáceis
quando o peito era vazio
cheio de dor
repleto de mágoa
perdido no escuro
rodeado de frio.
As palavras vinham mais fáceis
quando a alma era solitária
sobrava verbetes
derramavam estrofes
mergulhava em melodia
a alma, incompleta, ardia...
Hoje as palavras se tornam silêncio
Os desejos se prendem em baús...
meus cadeados cada vez mais fechados
e um corpo desejando ser nu...
quinta-feira, 10 de janeiro de 2019
às Vezes a Calmaria pede TEMPESTADE
A alma que tanto queria sossego
pede, às vezes, por minutos esquecidos,
um pouco de bagunça...
E o amor sereno
que toma conta do dia a dia
não dá espaço ao desespero
da paixão desmedida...
Os precipícios que outrora eram caminhos,
deram lugar à estradas impecáveis, sem desvios
e percebo, pouco a pouco, nesse tempo
que não me deixo mais arriscar por um só fio...
Talvez essa seja a intenção da vida
encontrar um lugar repleto de calmaria
e mesmo que os dias sejam mais mornos do que extremos
que o AMAR ou MORRER não sejam mais poesia
às vezes me pego pensando
é bom viver sem disritmia?
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018
A dois passos do precipício...
Fiz de mim
liberdade, independência e audácia. Cheia de vontades e certezas, fui me
arriscando a cada passo que eu dava. Sempre foi um misto de conquista e
angústia, porém, saber que eu conseguiria seguir sem ter que voltar, me dava
mais força.
A força e a coragem
aumentavam de acordo com os obstáculos conquistados. Morar fora, a primeira
viagem dirigindo um carro sozinha, a primeira conta paga sem ter que pedir
dinheiro emprestado, o primeiro sono sem ter horas pra acordar ou satisfação
para dar do porquê ter dormido nua. Porém...
minhas conquistas sempre são burladas por mim mesma. Sim. Consigo sabotar meu
sucesso e minhas aventuras e glórias se resumem em depender.
No fim, sempre
acabo num quarto, em uma casa de outrem, tendo que viver a rotina do outro, as
vontades dos outros e as conquistas alheias. De tantas quedas e quartos mofados
alheios, comecei a entender que nunca fiz de mim liberdade e sim sonhadora.
A diferença da
mais nova queda, do mais novo fracasso, é que não posso fumar uma carteira de
cigarro inteira, ou encher a cara de um conhaque barato, ou simplesmente sair
caminhando sem destino e desaparecer por alguns dias. Pois é. Minhas escolhas
me fizeram mãe, esposa, funcionária pública e dependente de outrem.
Não digo
dependente financeiramente, mas dependente de não ter liberdade de dizer o que
quer, como quer. De não poder decidir por si só e simplesmente seguir. E isso,
isso foi tudo o que mais refutei na vida.
Hoje, num
fracasso mais recente, deitada numa cama que não é minha em um quarto que não é na minha casa, percebi que um laudo médico fez com que muitas pessoas tivessem o
“direito” de decidir por mim. Decidir até quando devo ou não ter liberdade de
novo ou, simplesmente, poder escolher o
piso que eu quero para meu banheiro.
Entre quartos
alheios com minhas coisas jogadas, noto que o outro se incomoda com minha
natureza e deseja, profundamente, que eu me adeque a ele... Em quartos alheios
com minhas coisas largadas, percebo que tenho que ser uma filha que aceita tudo
e grata por ter um lugar pra dormir, mesmo que o que me faça dormir em um lugar
que não é meu não seja minha culpa... Percebo aos poucos que a mulher que todos
desejam que eu seja não é nem um pouco parecida com o que eu construí pra mim.
Ontem, após
mentiras, cobranças e conselhos não pedidos, notei que não sou e nunca serei o
que um dia desejei ser. Liberta...
Ontem, após perceber que para sobreviver
aqui eu teria que morrer por dentro, morri...
Obrigada por me abrirem os olhos...
quinta-feira, 20 de outubro de 2016
Gritos no Silêncio
Hoje é o dia do poeta,
mas não há mais poemas.
Minhas rimas se foram,
estão perdidas por aí.
Minhas estrofes se despedaçam a cada dia,
a cada quilômetro rodado,
a cada palavra proferida,
a cada vontade perdida.
Raquel tinha três vontades,
ser menino,
ser escritora,
ser adulta...
Eu tenho três vontades,
largar tudo...
tomar outro rumo
não me importar.
Desgasto-me em dissertações
artigos, resumos e fofocas
Desgasto-me em uma vida que não
me dá vida.
E hoje, dia do poeta
dia de tudo que eu sempre quis ser
quis respirar e me alimentar...
hoje, dia daquilo que sempre me manteve em pé
...
me vejo caída,
e a única coisa em que eu penso
é desistir...
"fez de suas danças lembranças saudosas imagens de quem já amou...
nas marcas da pele, o sorriso enrugado, demonstra que se cansou
não canta mais seus encantos, não recita mais poema algum
após ser inspiração de tantos não se restou mais pra nenhum"...
segunda-feira, 13 de junho de 2016
sexta-feira, 9 de outubro de 2015
sem roteiro...
Já fora um peito preenchido de certezas,
Entregue a rotas determinadas.
Um disciplina atada em nós...
Cada nó bem feito,
bem preso,
seguro...
Agora o peito é desenfreado,
solto,
sem meta a cumprir...
Os nós se desfizeram...
alguns foram cortados...
nada mais é seguro, preso, bem feito...
o barco se desprendeu do porto
e está...
como sempre desejou...
solto no meio do oceano...
alguma hora o peito se atracará em alguma certeza
presente em uma "terra a vista" inesperada...
por enquanto fico a olhar o céu limpo
e esperar, sem medo,
as possíveis tempestades!
Fernanda Ebling.
Entregue a rotas determinadas.
Um disciplina atada em nós...
Cada nó bem feito,
bem preso,
seguro...
Agora o peito é desenfreado,
solto,
sem meta a cumprir...
Os nós se desfizeram...
alguns foram cortados...
nada mais é seguro, preso, bem feito...
o barco se desprendeu do porto
e está...
como sempre desejou...
solto no meio do oceano...
alguma hora o peito se atracará em alguma certeza
presente em uma "terra a vista" inesperada...
por enquanto fico a olhar o céu limpo
e esperar, sem medo,
as possíveis tempestades!
Fernanda Ebling.
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