quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Rei

Eu queria compor uma canção pra você.
Não sei.
Achei necessário naquele momento.

Peguei as chaves, caminhei até o portão, abri o carro, peguei meu violão, voltei pra dento de casa. Fiz uma sequência de acordes, primeira estrofe (D, D7, Em7, Gm, A, A5) segunda estrofe (D, D7, Em7, Gm, F#,) e um refrão que não repetia (F#m7(9), Bm7). Enfim.
Feita tal melodia, pensei: "Agora é a letra".

Paralizei.

Não veio palavra nenhuma. Nenhum artigo definido ou indefinido. Assolou em mim um vazio maluco, sem explicação. Meus olhos encheram-se de lágrimas que escorreram independentemente pelo meu rosto e cheguei a conclusão que, Sim, eu não conseguiria.
Estranho, não?
Normalmente quando me sinto sozinha, triste, deprimida, as palavras vem enlouquecidas me atormentar, mas não vieram.
Fico me perguntando o que é este sentimento que sinto...
será que sinto mesmo?
não sei..
nunca sei...



(Rei - Fernanda EBling)

o vazio tomou
meu peito de vez
e eu outra vez
querendo encontrar
portas pra passar
janelas pra pular..

mania de querer...
ter asas e arriscar
andar pela beirada
do precipício
sem escorregar
sentir o vento solto
tocar todo meu corpo

soltar..
o ar
que não tem
respirar
o ar
que não vem..

a cada grito meu
loucura matinal
saindo pelas ruas
se interessando
pelo banal..
procurando olhares
de bares em bares....
me encontro em bocas
que nem sei..

e pelos andares...
ébrios de passagem...
quem sabe um deles é meu rei..)

sem mim

"e quando eu choro...
quando eu choro
meus
olhos
ficam..
azuis......
muito azuis agora....

quando eu choro meus olhos ficam azuis
tão azuis que
qualquer blues que toque..
me faz lacrimejar..

quando eu choro meus olhos ficam azuis
minha boca vermelha
minhas sardas saltam
fico
tristemente bela""