sexta-feira, 16 de novembro de 2012

outra vez


Eu juro que eu tentei..

Um Mês longe daquele corpo,
daquela pessoa,
daquela alma,
daquela pele,
daquelas coxas..

Um Mês livre de todo e qualquer vício relacionado ao querer incessante de querê-lo..
Ignorei o fato de desejá-lo,
comecei a conhecer outras pessoas,
comecei a me libertar

Eu juro..
Eu juro
que respirei fundo,
empurrei ele pra dentro daquele baú velho e
tranquei com todos cadeados possíveis..
Eu Juro
Eu juro..
Eu juro.....

Mas... minha religiosidade não anda tão linear...
não consegui cumprir as promessas que fiz à mim mesma...
e acordei com ele ao meu lado..
outra vez...

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Paredes rasas


Quando eu frequentei você
frequentei sua mente
frequentei sua respiração
frequentei suas vontades
suas mentiras de verdade

quando eu frequentei você
frequentei seu corpo
frequentei seus gemidos
perdida em pele em suor
frequentando a carne de um amigo

amizade confabulosa
enlouquecida, misteriosa
colorida entre posições malucas
compassada como uma ritmada música

todos momentos e todas as palavras
frequentadas em paredes rasas
ora concretas ora um mato verde
te olhar sorrindo ao me ver tocar o céu...

frequentei você
frequentei seu ser
frequentei sua alma
alcancei a calma
e me libertei
e já não sei
a que corpo pertenço..

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

...


me apaixono
me prendo
vivo outra vida
me esqueço
me machuco
sangro
me arrependo
me liberto
erro
enlouqueço
perco os parafusos
entardeço
anoiteço
me embriago
isso seria liberdade?
o outro sofre
fica sem chão
implora
se recupera
acorda
aprende andar sozinho
aprende a enxergar sozinho
a respirar sozinho
encontra outro alguém
que lhe proponha sorrisos
que lhe proponha antidoto
eu acordo
já não há mais tempo
eu perdi...
me perdi outra vez...

pedras

é assim..
Tudo tem seu fim..
Se tem começo, tem fim..
não.. não olhe assim pra mim..
eu lhe disse
começou
acabou..
se doeu?
se sofreu?
se sorriu?
se mentiu?
tudo iu..
E lá fora..
no meio da chuva..
tem uma louca..
lavando a alma
drenando calma
respirando fundo
o corpo imundo..
de lembranças perdidas..
mas um dia ela se acha..
e começa tudo outra vez
pra tudo outra vez acabar..
porque tudo que começa acaba
tudo que nasce de alguma maneira, morre..
até as pedras..
inclusive elas..


monólogo


A ultima vez que olhei nos teus olhos..
foi a primeira vez que vi a cor deles..
eles tinham cor de terra
terra molhada
sem cheiro..
normalmente eu via seus olhos
tons de vermelhos
não era de raiva
não era de choro
eram vermelhos brilhantes
vermelhos que viajam
vermelho feito eu..
eu sou vermelha..
não sou?
meu sangue é vermelho,
não é?
Eu vi seus olhos..
a cor deles..
e eles pediam pra eu ir embora
pra eu pegar aquela porta e seguir..
Quando vi, pela primeira vez, a cor dos teus olhos
seria a ultima vez que eu olharia para eles..
e quantas vezes dormi ao seu lado?
e quantas vezes beijei sua face?
quantas vezes escutei sua voz?
sua música?
seu som?
sua respiração?
mas nunca tinha olhado nos teus olhos...
e visto que eles são como casca de árvore
marrons
frios
rígidos..
porém cheios de vida..
Quando vi, pela primeira vez, a cor dos teus olhos
seria a ultima vez que eu olharia para eles..
Quando olhei, pela primeira vez, dentro dos teus olhos
foi quando você decidiu
que tudo acabara ali..
E foi então que eu percebi...
pra servem olhos cor de mata..
se não tenho mais a terra pra me sustentar...